domingo, 4 de março de 2007

Madeira nacional só cobre metade da procura das celuloses

Devido aos incêndios, também se dão problemas a nível económico e não só a nível ambiental. Por exemplo, o aumento dos incêndios estão a obrigar as empresas nacionais a recorrerem à importação de madeira, devido ao défice de matéria-prima.

Numa carta enviada ao ministro da Agricultura, a Portucel anunciou, que nos últimos anos o volume total existente nas florestas portuguesas decresceu 5.4 milhões de metros cúbicos: “quer sobretudo por efeito dos fogos florestais, quer pelo desenvolvimento da fileira florestal industrial, a qual sem actualizações do inventário florestal, foi expandindo a sua capacidade”.

Em dez anos, arderam 119 mil hectares de eucalipto. Mesmo que os povoamentos não desapareçam, as chamas interromperam o ciclo produtivo e se o proprietário não iniciar o ciclo novamente – o que implica corte e nova plantação sem que tenha havido retorno financeiro – a floresta perde produtividade.

Actualmente as indústrias de pasta e papel necessitam de 7.5 milhões de metros cúbicos de material sem casca. Num futuro próximo – tanto a Portucel Soporcel como a Altri já anunciaram investimentos que permitem aumentar a sua capacidade de produção de pasta celulósica –, serão necessários mais de 1.1 milhões de metros cúbicos.

Tendo em conta que apenas cerca de 15% do volume total em pé deve ser extraído anualmente, conclui-se que a oferta interna anual de eucalipto andará por volta dos 3.9 milhões de metros cúbicos sem casca. Caso se decida por uma exploração insustentável da floresta existe uma penalização pela parte dos consumidores no mercado europeu. Assim, resta a importação.

A Portucel está a pagar 90€ por metro cúbico de madeira do Uruguai, enquanto nos produtos nacionais o preço oscila entre 42 e 44€. Com a agravante que a fibra nacional permite uma melhor qualidade no produto final.

Na carta enviada ao ministro, ainda é criticada a descriminação negativa do eucalipto no Plano de Desenvolvimento Rural. E defende a utilização de solos agrícolas mais férteis para o cultivo desta espécie. O que está em causa, segundo a Portucel é “o actual quadro de desenvolvimento da fileira florestal do eucalipto em Portugal e o futuro de um sector estruturante da economia do país”.


Informação retirada:
Público Economia
Sexta-feira, 2 Fevereiro 2007
Artigo: “Madeira nacional só cobre metade da procura das celuloses”

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